segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

ORGULHO GOITACÁ: Entrevista com Cyro Corte Real

Excelente entrevista do amigo e forte representante do xadrez de Campos dos Goytacazes, RJ. A entrevista foi mediada pelo competente comunicador Carlinhos Cunha na recém inaugurada TV Diário.

Cheers

UM TORNEIO NO PARAÍSO

Quando um projeto bate à nossa porta, quando temos o sonho ou inspiração para realizar algo, é muito bom, no meio do caminho, encontrarmos pessoas sintonizadas com nosso propósito. Isso facilita a jornada. Mas em raras, e admiráveis, ocasiões pessoas e lugares são capazes de superar nossas expectativas e nos acrescentar algo de extraordinário, que nos toca o âmago de forma tão surpreendente que aumenta o encantamento com a paisagem da jornada.
Há algum tempo não escrevo para a Coluna do Rei, em parte devido às minhas atividades profissionais, mas também pela falta de um “Graal” que oferecesse a inspiração certa para realizar a tarefa. Eu funciono desta forma e os temas para o blog vêm de momentos. O Graal para esta postagem já "rumina" em minha cabeça há alguns meses. Iniciei o manuscrito num caderno de anotações que uso para rascunhar ideias que me surgem de tempos em tempos e acabei não terminando devido às demais urgências que então surgiram. Nos últimos dias, aproveitando o tempo de férias, revirei minha escrivaninha para decidir o material que levaria para o descanso da praia; nessa época minha mente sempre encontra a tranquilidade necessária para desenvolver projetos paralelos. Durante a arrumação, folheei meu velho caderno de anotações e encontrei um esboço que escrevi em maio de 2013, época de meu “renascimento” enxadrístico. O que chamo de renascimento é na verdade uma retomada do interesse pelo assunto depois de muitos anos sem ler nada a respeito ou evoluir em quaisquer de suas raízes teóricas. Durante os anos de minha inércia enxadrística joguei regularmente, na maioria das vezes tendo como adversários meu pai, irmãos e alguns raros amigos. Mas estudar xadrez depois dos 20 anos de idade foi um tanto difícil com toda a estrada da consolidação profissional pela frente. Penso que esta seja uma encruzilhada encarada pela maioria dos jovens praticantes deste e outros esportes em algum momento de suas vidas.

Mencionei em artigos anteriores do blog que minha relação com o xadrez é longínqua. Meus irmãos e eu aprendemos xadrez com meu pai e a prática nunca ultrapassou anseios maiores do que confraternizações domésticas regadas a gostosas partidas; nunca pretendi, nem é minha atual intenção, ser jogador profissional. Ainda assim, o jogo sempre me fascinou e despertou o interesse de forma inconstante, porém intensa. Qualquer objeto relacionado exposto na vitrine de uma loja, um tabuleiro ou peça de decoração, livros e até novidades em softwares nunca passaram despercebidos aos meus olhos. Estes sempre foram capazes de trazer a tona uma atmosfera inexplicável para voltar a praticar e estudar o jogo. Quando o rei parecia meio adormecido surgia algo, ou alguma situação, que acionaria meu “botão de interesse”. Numa família de amantes de xadrez, um recém-entusiasmado é mais que suficiente para contagiar a todos de forma quase epidêmica. É fascinante a forma como acontece e todos começam a ler e praticar de forma quase obsessiva. Muitas vezes EU sou o estopim. Outras, meu irmão ou meu pai. De onde quer que parta o raio da ignição, o efeito segue em cascata incrível.
Minha última hibernação para estudos de xadrez terminou na Páscoa de 2013, quando passei o feriado no que eu costumo chamar de minha tríade paradisíaca pessoal, as cidades capixabas de Guarapari, Vila Velha e Vitória. O feriado planejado em família coincidiu com a realização do primeiro Aberto do Brasil, Copa Cidade de Vitória de Xadrez. Quando soube disso, não foi difícil dividir o tempo entre as manhãs nas praias guaraparienses e as tardes/noites como espectador de xadrez classe A no requintado Quality Hotel, próximo ao aeroporto da capital capixaba. Era como degustar a típica moqueca da região e de quebra poder saborear aquela sobremesa deliciosa e inesperada. Uma combinação perfeita! Eu estava suficientemente fora de forma para não ousar enfrentar tamanhos enxadristas de nível e apenas saboreei os jogos dos mestres, brasileiros e internacionais, que atenderam à organização do evento. Foi através desta gostosa atmosfera que minha vontade de retornar às leituras de xadrez veio à tona mais uma vez.
Ambiente mais propício não poderia ter encontrado em qualquer outro torneio. Assim como o xadrez, a cidade de Vitória é paixão antiga. Além da natureza mágica que abençoa esta terra capixaba, o fator humano sempre fez toda a diferença na minha predileção por estas cidades. Assim o foi nos dias em que acompanhei o torneio. Não posso deixar de ressaltar a cordialidade e gentileza oferecidas pelo presidente da Federação Espírito Santense de Xadrez (FESX), Jonair Pontes, responsável direto pela organização e, certamente, pelo tom de excelência do evento. Um verdadeiro “gentleman”.
Jonair Pontes e Everaldo Matsuura, campeão da primeira edição do evento.
Quando me apresentei como velho entusiasta do jogo, da cidade de Campos dos Goytacazes, RJ, Jonair logo me indagou: E não vai jogar? Ele deve ter achado no mínimo curioso que um fluminense estivesse tão interessado no torneio a ponto de passar quase todos os dias do evento com a filmadora ligada registrando as partidas e acontecimentos paralelos da competição. E foi isso mesmo que fiz. Registrei tudo o que pude e ainda pretendo incluir em minha agenda a edição das melhores imagens num clipe resumo do torneio. O clima era tão agradável e sereno, na presença de tantos bons enxadristas, que me sentia numa galeria de arte apreciando grandes artistas esculpindo obras-primas. Os atores daquela fina peça enxadrística não poderiam ter se encaixado melhor no momento de meu retorno à prática do xadrez. Como não admirar a serenidade e educação do Grande Mestre (GM) Everaldo Matsuura, diretamente proporcional à sua competência nos tabuleiros.
Meu irmão costuma dizer que para calibrar seu jogo antes de uma disputa ele gosta de assistir a partida de um GM. Pude conferir ao vivo sua teoria enquanto observava mestres de grande categoria e tentava sugar um pouco de seus cacoetes de gente grande do xadrez. Esse nível de xadrez, AO VIVO, é fantástico!

Foi ainda notável poder admirar a beleza simples das partidas de jogadores de menor “rating” e outros mestres da superação física. Estes, apesar de não poderem ver ou andar com seus olhos e pernas físicas, conseguiram completar verdadeiras maratonas mentais. Este, especificamente, é um assunto que gostaria de poder abordar em postagens futuras, tamanha a admiração que me angariaram as PESSOAS QUE FAZEM O XADREZ. Pude ter com muitas delas e sentir suas apreciações singulares pelo jogo dos reis. As pessoas são realmente um espetáculo a parte. Com muitas delas, independentemente do “rating”, aprendemos mais do que com os mestres propriamente ditos. Mas o clima para se apreciar nuances tão sutis foi muito bem estabelecido por Jonair e sua equipe. A eles agradeço pela experiência tão agradável que coroou aquele meu retorno ao interesse do xadrez.


Esta semana recebi com muita satisfação um e-mail do próprio Jonair convidando para a segunda edição do evento. Certamente um caminho aberto para mais uma experiência notável e que recomendo a todos os leitores deste blog. Abaixo divulgo o link para o “folder” completo do evento.


Cheers!